The msX Files

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Falhas de projeto da Gradiente:

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   Ah, a propósito, a Gradiente deixou umas falhas de projeto (ainda!) no micro, pois quem teve Expert deve lembrar-se que ele emitia rádio-frequencia pelo gabinete. Ou seja, ele interferia com tudo que era eletrônico por perto. Isso, aliás, era um erro crônico dos projetos de micros brasileiros. Lembro-me de uma história de um TK-90X que interferia no elevador de um prédio (sério, tá na seção de cartas da Microsistemas, se não me engano a no. 70). O Amiga 500 contornou esse problema ao colocar uma 'caixa' de metal dentro do gabinete. A placa-mãe era olocada dentro dessa 'caixa', o que evitava que a radiação saísse do gabinete e interferisse com tudo que estivesse ao redor. Além do mais, os Atari ST, devido a isso tambem eram conhecidos carinhosamente como "Tanques Panzer"...

   Ainda fica uma historinha da Sharp. O sujeito que fez o manual do HotBit (o 1o. manual, do HotBit branco) foi meu professor de Química, e publicava na Microsistemas. Seu nome é Nelson N. S. dos Santos, e ele conta que recebeu um HotBit, manuais tecnicos, etc., só para escrever o dito cujo. Depois que escreveu, devolveu à Sharp. Afinal, nas palavras dele, "embora o MSX seja uma máquina sensacional, o meu negócio é Apple mesmo." Ele era analista de sistemas (tinha uma empresa prestadora de servicos) e era diretor de uma faculdade de informática, sem contar que e quase surdo e dava aulas de química só porque gostava. E por último, ele tinha um Apple ][ com 4Mb de RAM e HD, placa CP/M, etc. Só a carcaça era de um TK-3000, e ele funcionava com um ventilador apontado para dentro. Isso em 1990, em plena reserva de mercado!

   MSX no Brasil, então começou a pirataria de software. Aliás, ela já existia, mas no tempo do MSX foi muito pior. Como nenhuma produtora de software tinha representante no Brasil, as próprias Sharp e Gradiente começaram a lançar fitas K-7 com jogos, como o "Faixa Preta" (na verdade -Jackie Chan in Project A-) e tantos outros. Ainda tenho várias dessas fitas em casa, e uma que fascinou pelo "realismo" foi o 737 Flight Simulator, criado pelo Salamander Software... =) Manual bonitinho, caixa bacana, etc. Mas era uma cópia pirata. Fazer o que, era o unico jeito de surgir alguma coisa em termos de Brasil. Mas a coisa chegou ao ponto de surgirem piratohouses com o nome de produtoras estrangeiras. Quem no Rio de Janeiro não lembra da Konami Software, que virou Takeru Software (reza-se a lenda que eles trocaram o nome por causa de uma correspondência da Konami japonesa. Emendaram pior, Takeru... (Depois explico). Logo, muitas firmas que faziam pirataria para Apple ][, Spectrum, TRS-80, logo estavam fazendo para MSX. Os anúncios pipocavam na seção de informática, eletrônica, etc., nos classificados dos grandes jornais. O que vemos hoje em dia, vendendo CD-ROMs piratas, não é nada comparado ao que eu vi. Logo surgiram outros usuários, mais espertos, vindos de outras plataformas (embora a grande maioria tenha começado na microinformática - como eu - no MSX), que se articulavam e faziam cópias de fita cassete na casa daquele amigo cujo pai tinha 2 tape-decks, ou então faziam um cabo macho-macho e copiava entre 2 gravadores. Os que não conseguiam fazer isso, ficavam tentando quebrar as proteções de cópia, o que por si só rende outro Files...

   A pirataria rolou solta, até grandes magazines (Mesbla, Mappin), livrarias (Ciencia Moderna), etc., faziam cópias de jogos. Isso dava um bom dinheiro.

Foi aí que o MSX comecou a ser olhado como um 'videogame de teclado'. Surgiram softs nacionais. Lembro que na MSX Micro no. 1 já tinha um anúncio do Amazônia, em versão para o MSX. Esse adventure baseado no "Aventuras na Selva" ja' existia em versões para TRS-80 e ZX-Spectrum. Logo depois surgiram o Sistema Editor de Adventures do Renato Degiovani (e seu manual de 120 páginas) e alguns outros programas via JVA Informática.

   Algumas empresas surgiram, produzindo hardware tambem. O 1o. drive só surgiria em 1986, pelas mãos da Microsol (isso tem história...), mas já em 1986 a Tropic agitava o mercado apresentando algo realmente revolucionário para a epoca: um mouse para MSX! Isso, um mouse, de marca TPX, que nem tinha uma bolinha, mas sim um par de rodinhas (uma na horizontal e outra na vertical). Tenho um mouse desses ainda, só que feito pela Input Digital um tempo depois. Mas como o mouse era algo recente (o Mac surgiu com o mouse como dispositivo de entrada em 1984 - embora o mouse tenha surgido em 1968), isso era colocar o MSX 'na crista da onda'. Ao menos assim nós acreditávamos, como bons MSXzeiros que éramos. Não era um boato, como o MSX da Dynacom ou o MSX 2 da Racimec.

   Alias, a Tropic tinha uma "divisão" de software, a Disprosoft. Alguem lembra deles, além de mim? Comprei 3 fitas deles, com embalagem bacana, etc. Inclusive você podia jogar o jogo escolhido antes de comprar, isso na sede da Tropic. Depois mudaram o esquema. Quando o jogo começava a carregar da fita, além do logo na tela, as bordas da tela piscavam de acordo como estava o carregamento da fita: cor clara ou escura, azimute mal-ajustado; borda piscando, tudo correto. Alguns jogos da Disprosoft, como o Night Shade, carregavam a tela de apresentação da fita e ia plotando direto na tela, dando um efeito muito interessante.

   As fitas da Disprosoft eram tidas como impossíveis de serem copiadas. Alguém lembra disso? A maioria das minhas fitas de jogos da Disprosoft possuíam header, apenas uns 3 jogos não tinham. Um deles é o Dragon Slayer para MSX 1, um jogo nacional que não tem nada a ver com o Dragon Slayer IV.

   O interessante que muitas vezes o nome dos arquivos binários na fita vinham mais ou menos assim:
[primeiro carregador em BASIC]
SEU
PIRATA
LADRAO

   Foi aí que depois de algum tempo, surgiu um copiador, chamado Corilode. O autor do Corilode (desconheço quem seja) descobriu os "truques" da Disprosoft. Um copiador normal não acharia aonde o arquivo começava na fita, caso não tivesse header. Provavelmente eles removiam o header e a leitura era feita depois de uma contagem de tempo com uma rotina própria de carregamento ao invés do tradicional BLOAD, pois sabiam que naquela posição estaria começando o arquivo. Nada de muito sofisticado, mas naquela época... Pois é, e pensar que o Ricardo Tondowski dizia que o objetivo da Tropic era dominar o mercado de software para micros pessoais no Brasil... O Corilode fez com que a Tropic, que passava entao num momento mais delicado de finanças, falisse. Exato. Todo mundo comecou a copiar os jogos da Disprosoft e segundo soube, a Tropic foi pro saco junto. Esse copiador ficou então conhecido como "o copiador mata-empresas".

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0 -  O início do MSX no mundo
1 -  MSX no Brasil - o início
2 -  A Gradiente e suas trapalhadas
3 -  Minha história pessoal, os LDs...
4 -  MSX 2
5 -  Ademir Carchano e Prof. Piazzi
6 -  Falhas de projeto da Gradiente
7 -  Renato Degiovani
8 -  O drive da Microsol
9 -  Sharp lançando, brigas, Apple...
10 -  Clubes, reserva de mercado
11 -  A MegaRAM, um dos periféricos + populares do MSX
12 -  Kits de transformação
13 -  DDX: surgimento, ascensão e queda

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