The msX Files

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A Gradiente e suas trapalhadas:
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   Os MSX lançados no Brasil foram o Hotbit (uma alusão ao Hitbit, da Sony), feito pela Sharp do Brasil, e o Expert, feito pela Gradiente.

   Não temos muitas informações a respeito da produção do Hotbit, mas já do Expert... O Expert é claramente baseado num MSX 1 da National, o CF-3000. O gabinete de metal pintado de cinza, o teclado destacado, o monitor, eles eram idênticos. Aquele mesmo espaço do lado dos cartuchos (onde algumas empresas se aventuraram a colocar mais 1 ou 2 conectores para slots) estava reservado para o drive de 3 1/2 desde o início, tanto no Expert XP-800 (nome do 1.0) qto para o Expert GPC-1 (Gradiente Personal Computer-1 - Expert 1.1), Imagino que para o National CF-3000 tambem. A Gradiente, segundo o Ademir Carchano, importou vários micros, de diferentes fabricantes (Sanyo, Sony, Panasonic, National entre outros) para estudá-los e montar o seu micro, no caso o Expert, um "clone" do National CF-3000.

    Só que a Gradiente resolveu "bagunçar o coreto", fazer besteira: Tirou do projeto o LED do Caps Lock e o botão de reset, deixando-nos com a "opção" de abrir a porta do slot para resetar o micro. Ou então um liga-desliga rápido... O gue desconfiamos é que a Gradiente quis fazer do seu MSX um micro padrão... Gradiente: A pinagem RGB do seu conector é completamente diferente do padrão, assim como o conector da impressora; o bus expansion (para que servia aquilo?), sem contar que o conector do teclado tambem é somente deles, você não pode conectar um teclado de um MSX da Philips no seu Expert. Fizeram uma grande bagunça apenas com a intenção de fazer um monopólio dentro da democracia do MSX: você estava restrito aos micros Gradiente. Porque isso? Renato Degiovani ouviu de um diretor da Gradiente na época: "não vamos cometer o mesmo erro que cometemos com o Atari": A Gradiente, através da Polyvox, pagou os royalties à Atari e o videogame foi clonado. Ou seja, perderam muito dinheiro.

   Encontrei em casa um dia desses um folheto promocional, com a foto dos "protótipos" dos futuros lançamentos da Gradiente para MSX. Segundo eles mesmos, o cronograma apontava tudos para ser lançado até o fim de 1987. Eram "protótipos" porque não se sabe se existiram mesmo. Às vezes era só a carcaça, ou algo falso, como a MegaRAM cheia de sabão (o pessoal de Brasília sabe dessa história).    

   Segundo soube, nem a Gradiente nem a Sharp tinham licença da ASCII para fabricar MSXs, ou seja: os nossos eram piratas. Parece que o Plus e o DD-Plus já tinham a licença. E tinha tambem o 'macete' que a Gradiente (na minha terra isso tem outro nome, safadeza mesmo) fazia para baratear o micro: Ele saia de Manaus como videogame, sem o teclado. Vocês sabem, Manaus é Zona Franca, logo para trazer algo de lá, tem que pagar impostos. Fabricar lá então, tem um custo imposto pelo governo federal. Bem, quanto ao Expert, ele se aparentava fisicamente com um videogame, tinha 2 entradas para cartuchos na frente e 2 portas para joysticks... (não, não me batam!). Quando chegava em São Paulo, lá era colocado o teclado no "videogame" e então era vendido como computador.

    Na verdade, a intenção da Gradiente era preparar o caminho com o Expert para lançar um micro PC, o GPC-2, que nunca existiu (certamente seria ainda mais fechado do que um Apple Macintosh). Por isso a falta de interesse em lançar um MSX 2 ou respeitar os próprios cronogramas. Embora a Gradiente tenha comprado os direitos da marca "MSX" no Brasil por 10 anos, nunca soube aproveitar o que tinham nas mãos: um micro muito bom e que tinha potencial para render ainda muito mais dinheiro. Eles trataram o usuário de computador como se fosse um comprador de som 3-em-1. Um usuário, para ser rentável para a empresa, tem que ser acompanhado, "bajulado", senão perde o interesse. Porque a Apple tem fãs, não clientes? Ela sabe agradar o usuário. A Gradiente, no entanto, com a sua estúpida atitude, conquistou muitas inimizades e perdeu muitos clientes. A Gradiente foi burra.

    Fim do arquivo.

    Referencias:   

    - Microsistemas, 1985-1987.
    - MSX-Micro no. 4.
    - Videoguia no. 3 (uma revista em quadrinhos da Ed. Abril cheia de informacoes sobre computadores e tecnologia - foi la' que eu ouvi falar de (C)BBS, Macintosh, etc., pela 1a. vez)
    - Conversas com Ricardo Suzuki,
    - Minha (boa) memória.

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0 -  O início do MSX no mundo
1 -  MSX no Brasil - o início
2 -  A Gradiente e suas trapalhadas
3 -  Minha história pessoal, os LDs...
4 -  MSX 2
5 -  Ademir Carchano e Prof. Piazzi
6 -  Falhas de projeto da Gradiente
7 -  Renato Degiovani
8 -  O drive da Microsol
9 -  Sharp lançando, brigas, Apple...
10 -  Clubes, reserva de mercado
11 -  A MegaRAM, um dos periféricos + populares do MSX
12 -  Kits de transformação
13 -  DDX: surgimento, ascensão e queda

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