The msX Files

barra_azul.gif (967 bytes)
MSX 2:

barra_azul.gif (967 bytes)

   Como todos sabem, o MSX 2 é um projeto de 1985, e na minha modesta opinião, o maior avanço dentro do mundo MSX. Muitos discordam, afirmando que o MSX 2 é ruim, etc e tal. Não importa, o MSX 2 tirou o MSX do mesmo patamar dos micros Sinclair, TRS-80, Commodore 64, etc... Até então o MSX era apenas mais um micro de 8 bits. Era o melhor, mas não sobressaia tanto assim. A VRAM ganhou um tamanho decente (128 Kb) e o MSX, um excelente VDP, o V9938 da Yamaha. Como todos sabem, ele tambem emula o antigo TMS9128, logo mantém compatiblidade. O primeiro anúncio dele no Brasil surgiu na MSX Micro no. 5, com o sugestivo título: "eles estão chegando", e mostrava algo inédito para a época: Um MSX com CD-ROM. No caso, o "CD-ROM" era um CD-player da Philips. É provável que os CDs para aquele micro eram lidos via porta do cassete.

   Como assim, porta do cassete? Simples, o CD tem as trilhas recheadas de software, como se fosse uma fita K-7. Só que você tocava num CD-player normal, e o sinal entrava pela entrada normal de cassete, que qualquer MSX (até aquela época) tinha. Por sorte a Gradiente não 'padronizou' a saída do cassete, senão estávamos fritos.

   Aproveitando a citação, ela lançou alguns periféricos junto com o seu MSX: monitor mono de 12 polegadas, joystick (design copiado do joystick da Canon - nunca gostei dele, muito mole!), um data-corder (por sinal muito bom - lembro-me de ter visto gente com CP-500 usando o DR-1) e um modem, o TM-1. Esse modem era engraçado, quem olhava de relance jurava que era um drive de 5 1/4", pois ele era externo (óbvio) e parecia um tijolo cinza... Alcançava as 'incríveis' velocidades de 300 e 1200/75 bps (V21). Convenhamos, em tempos de 33600 bps (não conto o 56K porque é um macete, não uma conexão), falar em 300 é piada. Vai ditando os bytes que sai mais rápido! Mas naquele tempo, 1986, isso tudo era novidade, 300bps seria o equivalente hoje aos 14.4Kbps.

   Há quem diga que o TM-1 não saiu do papel. Bem, eu nunca o vi. A grande sacada dele era o fato de que ele liberava o slot onde ele foi conectado, tanto que a frente dele era um conector de slots da Gradiente.

   Além do mais, o modem tinha uma UART simplificada, ou seja, uma Universal Asychronous Receiver Transmitter. E o que ela faz? Controle de uma porta serial. Embora o padrão MSX não exigisse uma porta serial padrão RS-232 no micro (uma economia porca, na minha opinião), você podia colocar uma. Os 1os. modems eram fudebas, assim como as interfaces seriais que surgiram depois. Eles usavam uma UART antiga, a 8251 (ou seria a 8250?). Essas mais antigas usam buffers de 1 bit e são mais lentas, entre outras coisas. Recentemente alguns grupos de usuários lançaram interfaces seriais com UARTs mais novas, como as usadas em PCs (como a 16550). Essas tem uma maior quantidade de "memória elástica", ou buffer. Assim, podemos controlar via porta serial modems de até 19200 bps (no caso do Z80) e 56 Kbps (no caso do R800). Tudo bem, na lista internacional tem uns malucos fazendo conexões entre MSX em torno de 115k BPS com micros MSX com Z80... É a vantagem da memoria elástica das 16550 aparecendo... É um buffer de 3 bits ao invés de 1 bit das demais.

   E as editoras? Começaram a pipocar livros sobre o padrão. A maioria era uma simples coletânea de programas mal-feitos ou que faziam algumas coisas idiotas. Nada didático, diga-se de passagem. Surgiram então muitas editoras publicando material sobre o MSX: McGraw-Hill (hoje Makron Books), Campus, Manole, Atlas, Érica, entre outras. Algumas surgiram por causa do MSX, outras reforçaram o seu ganho com livros sobre o nosso micro. Mas nenhuma editora foi tão bem sucedida como a Aleph. Com certeza, o prof. Pierluigi Piazzi deve se orgulhar de ter sido um herói para muitos dos jovens daquela época. Uma das coisas curiosas que ele nos contou foi que a editora era muito elogiada, pois além dos programas que estavam nos seus livros estarem completos, eles funcionavam (isso era um 'agravante'!). E toda uma geração de MSXzeiros foram formados.

   Porque o sucesso da Aleph? Além do material dele ser de qualidade, era muito bem escrito. Quem não se lembra daquele cientista maluco, careca e de bigode branco, que a Aleph lascava em quase todos os seus livros? A editora era dirigida por um casal de professores. Logo, fazendo isso com paixão, é certo que seria bem sucedido. E foi, rendeu uma longa série de mais de 30 livros, cujos best-sellers eram 'Aprofundando-se no MSX' (chegou à 4a. edição - o meu tá autografado!!!), '100 Dicas para MSX', 'Mais 50 dicas para MSX', entre outros. Material de primeira, sem dúvida, que cativou e ajudou a formar consciência em muitos jovens. Mais do que computação, a Aleph ajudou a formar personalidades e futuros profissionais. Parabéns ao 'tio' Pier por tudo que fez pelo MSX.

   Já que eu falei em McGraw-Hill lá em cima, lembrei-me da Byte. E lembrando-me da Byte, lembrei-me do MSX nos EUA. Não tem muito a comentar, foi um fracasso. A Spectravideo tentou enfiar o MSX nos EUA, assim como a Yamaha. Infelizmente a 1a. foi bem mal sucedida (o micro não emplacou), e a 2a. só conseguiu vender o seu micro para acompanhar os seus teclados eletrônicos, junto com o seu conjunto de cartuchos usados para controlar sintetizadores (O SFG-05 controlava o lendário sintetizador DX-7, por exemplo). Motivos? Em resumo: repelência americana a qualquer coisa estrangeira, marketing mal-feito e época mal-colocada (talvez tivesse mais sucesso 1 ano ou 2 antes), entre outros. A Byte colocou algumas fotos e alguns artigos sobre o MSX da Yamaha, justamente enfocando esse lado "musical". Curiosamente, alguns MSX da Yamaha tinham um slot com conector invertido: ao invés de um soquete fêmea no micro, havia um conector macho. O fêmea ficava no cartucho. Porque isso? Provavelmente "venda casada": para usar aquele cartucho você precisava de um micro Yamaha. Prática típica de uma empresa conhecida nossa...

   Outro fato digno de nota do MSX na "terra do tio Sam" foi os micros com "grau de parentesco" com o MSX. Steve Ciarcia, lendário mago americano da eletrônica (quem leu a Circuit Cellar lembra dele), construiu um micro com Z80 e PPI iguais ao MSX. Só que não era um MSX, embora tivesse a mesma organização de slots e páginas.

   Então, enquanto o MSX entrava num buraco nos EUA, em 1986 surgiu aquele famoso conflito: Porque raios comecou a surgir versões de jogos para Expert e HotBit? Ou seja, porque eles não eram 100% compatíveis? Parecia incrível, mas depois do padrão ter sido espalhado por uma dezena de países, justamente aqui, na 'terra brasilis', os micros feitos aqui não eram totalmente compatíveis com o padrão. Eta diacho, que vergonha...Tudo devido ao paginamento da memória. O padrão, como foi criado, dava liberdade ao fabricante por a memória principal em qual slot quisesse. Era de "bom tom" evitar o slot 0, onde estava a ROM. Se um fabricante quisesse por as 4 páginas de main RAM em 4 slots diferentes, sem problemas. O problema era que o programador tinha que prever essas coisas.

   Os loaders dos jogos eram fudebas. O Expert tinha a sua RAM no SLOT 2. O HotBit, no SLOT 3. Isso gerava confusão para achar a RAM e enfiar o jogo lá. Logo, podemos supor que os programadores eram fudebas? É, tambem. Mas tambem faltava informação técnica a respeito. O 1o. livro que falou a respeito dos slots e das páginas foi o 'Aprofundando no MSX', e mesmo assim ele 'não voou muito baixo' no assunto. Depois, no 'Programação Avançada no MSX', foi falado mais a respeito. Nãi podemos culpar os programadores, às vezes temos mania de pichar a nós mesmos, brasileiros. Era mesmo falta de informação. Vamos evitar essa atitude idiota, de atirar no próprio pé.
  
   Na realidade a Sharp e a Gradiente sentaram e conversaram. Desta conversa surgiu o padrão MSX-BR que é uma norma registrada na ABNT e o escambau, isto quer dizer que se alguém quiser fazer MSX no Brasil deve seguir as normas especificadas lá. Eu ainda não tive a norma em mãos mas estou tentando ver se as consigo. Mas uma coisa que foi padronizada foi a tabela ASCII, a dos Hotbits seguiam, com pequenas alterações para a lingua portuguesa a tabela ASCII estendida dos modelos de MSX vendidos na Europa. E a da Gradiente muito mal seguia a tabela ASCII padrão, i.e., os primeiros 128 caracteres...

   Ficou acertado que a Gradiente iria corrigir algumas coisas do seu micro, fazendo entao a versão mais conhecida do Expert a 1.1. Foram trocadas algumas teclas, mexeram na tabela ASCII estendido (adicionaram um símbolo de Cz - cruzado - lembram-se do Plano Cruzado, do bigode do Sarney - 'tudo pelo social', etc.? Então!) e fizeram umas mudanças, como um par de tomadas e um conector de força para o K-7. Tudo tentando compatibilizar ambos os micros. Disso saiu o registro do padrão MSX-BR, feito na ABNT, o que incluía o mapeamento dos teclados.

   Fim do arquivo.

   Referências:

    - Revista Byte, de 1985 (aproximadamente).
    - MSX Micro no. 6
    - Papos com o Ademir Carchano, prof. Pierluigi Piazzi e outros.
    - Minha (boa) memória.

barra_azul.gif (967 bytes)

0 -  O início do MSX no mundo
1 -  MSX no Brasil - o início
2 -  A Gradiente e suas trapalhadas
3 -  Minha história pessoal, os LDs...
4 -  MSX 2
5 -  Ademir Carchano e Prof. Piazzi
6 -  Falhas de projeto da Gradiente
7 -  Renato Degiovani
8 -  O drive da Microsol
9 -  Sharp lançando, brigas, Apple...
10 -  Clubes, reserva de mercado
11 -  A MegaRAM, um dos periféricos + populares do MSX
12 -  Kits de transformação
13 -  DDX: surgimento, ascensão e queda

barra_azul.gif (967 bytes)



bill.gif (2269 bytes)
Ufa!
Em Construção